Como você sabe, traz os ótimos Paul Rudde e Reesee Whiterspoon interpretando personagens que não estão em seus melhores momentos. Ele, George, está cheio de problemas e envolvido numa enrascada judicial devido às falcatruas do pai. Já Lisa, esportista demitida recentemente, precisa reerguer a sua vida e arranjar algo de novo para exercer. Nesta ciranda de fracassados, surge Matt, jogador famoso e no auge do sucesso: o oposto de George e a estrela que ofusca Lisa. Entre idas e vindas, Lisa se apaixona por Matt, se interessa por George, entra em dúvida e o final disso tudo, você, caro leitor, já deve adivinhar apenas nos primeiros minutos de projeção.
Focando no personagem com problemas, desde atrair o interesse de alguém, tamanha a sua dificuldade de expressar-se com clareza e diante de problemas familiares que só ressaltam a sua fragilidade, Como você sabe se preocupa em nos deixar mais próximos deste personagem tão bem desenvolvido pelo veterano Paul Rudd, que já encantou platéias em produções como A Razão do Meu Afeto e Eu te amo, cara! A personagem desenvolvida pela oscarizada Reesee também é agradável. Matt, vivido aqui pelo também veterano nas comédias Owen Wilson, é minimamente construído de maneira que lhe achemos um idiota por completo, o contrário daquilo que a protagonista precisa para viver. Isso está presente desde o momento em que ela descobre, após a primeira noite de sexo, que ele possui vários pijamas de tamanhos diversos, visando encaixa-los de acordo com o manequim da acompanhante do dia (e da noite, vice-versa). Esportista de sucesso, Matt esbanja dinheiro e egoísmo. Um tipo que não está distante daquilo que imaginamos no mundo dos ícones da mídia que se acham indispensáveis para a vida alheia.
Apesar desse lugar-comum, Como você sabe consegue ser melhor que os seus companheiros de gênero cinematográfico ao sair dos diálogos ruins, preencher a trama com atuações mais convincentes e não forçar piadas grosseiras e cair na escatologia, vide Sexo sem compromisso e Esposa de Mentirinha, respectivamente. Estamos falando de uma produção assinada por James L. Brooks, que se não é o mestre da originalidade, pelo menos sabe transformar o clichê em algo possível de digerir, em suma, um produto aceitável.Se Como você sabe consegue sair do desbotamento semelhante aos filmes recentes do gênero ao qualse encaixa, está longe da perfeição. São duas horas desnecessárias de projeção, que poderiam muito bem serem enxugadas em, no máximo, 90 minutos. Menos, aqui, seria mais.
Novas mídias. Outro produto queridinho do cinema contemporâneo: o grande problema é que nem todos os diretores tem a competência de utilizar as novas mídias digitais sem cair na artificialidade. Frases de efeito como “vou colocar a sua foto no facebook” e “vamos twittar”, no meu ponto de vista, já bem utilizado e esgotado no recente Pânico 4 e tomado de forma competente e ligeira (bem ligeira)em A Proposta e Como você sabe. Ainda bem. No roteiro, apenas em um momento um personagem cita “vou colocar na internet”.
Na contemporaneidade, as comédias românticas representam o equivalente ao termo presente de grego: nunca sabemos o que vem por ai, e as surpresas, na maioria dos casos, são geralmente desagradáveis. Tramas vazias, exaltação do consumismo e câmeras narrando bobagens sucessivas. Hollywood tem se tornado o cavalo de Tróia do cinema atual, oferecendo ao público muitos produtos indigestos, tamanha a mediocridade do argumento. Apesar de não representar o suprassumo da produção cinematográfica recente, Como você sabe é um divertimento mais interessante que a maioria dos subprodutos disponíveis nas diversas salas de cinema da sua cidade. Acredite!
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